sexta-feira, 23 de julho de 2010

Volêi: Parece, mas não é
Por Chumbo Grosso
Pensador e crítico do cotidiano

         Dia desses conversava sobre esportes e fiquei impressionado com a idolatria que alguns tem pelo vôlei. Muitos nunca jogaram, apenas torcem pela televisão, e consideram esse “esporte” empolgante.

         Sinceramente, eu admiro a capacidade da mídia de fazer as pessoas acreditarem em coisas idiotas. Na minha opinião o vôlei não é um esporte é uma queimada melhorada. Isso mesmo, aquela brincadeira de jogar a bola no outro e não deixá-la cair no chão.

         É um incrível absurdo, mas as pessoas aceitam como esporte um jogo que tem apenas quatro movimentos: saque, manchete, toque e cortada. Ah! Tem o bloqueio também. Aquele movimento de pular na frente da bola com os braços estendidos que qualquer criança faz.

         Realmente o vôlei é “empolgante” (uhooo!!!) com essa enorme variedade de jogadas que se repete em cada lado da quadra: saque de um lado e do outro manchete, levanta, corta e novamente manchete, levanta, corta, depois manchete, levanta, corta... Ah! Esqueci que as vezes a bola cai no chão e tudo recomeça. A vibração é muito intensa. Não sei como os jogadores não ficam tontos de tanto repetir a mesma seqüência.

         O engraçado na discussão é as pessoas ficarem bravas com os questionamentos ao vôlei e defenderem esse jogo patético sem ao menos saberem a sua origem e a sua historia. A grande maioria não sabe que o vôlei foi inventado, nos EUA (1895), como uma atividade recreativa para velhinhos, que não conseguiam jogar o basquete (esporte popular na época), que “era muito enérgico e cansativo para homens de idade”.

         Como relatam os especialistas “a intenção era criar um jogo recreativo e sem contato físico, para atrair o público mais velho”. Por sugestão do Pastor Lawrece Rinder, um sujeito chamado Morgan, Diretor de Educação Física da ACM (Associação Cristã de Moços - uma organização vibrante e questionadora dos padrões de convivência da época) idealizou um jogo menos fatigante para os associados “maduros” da ACM.

         O detalhe sórdido da história do vôlei, essa ousada recreação protestante, está numa interessantíssima teoria da conspiração que relaciona a difusão do “esporte” a interesses militares e imperialistas. “O primeiro país estrangeiro a conhecer o esporte foi o Canadá, em 1900, por meio da ACM”. Até aí normal, mas a coisa começa a ficar estranha com os seguintes fatos:

1.    “O segundo país estrangeiro a conhecer o vôlei foi Cuba, em 1906, levado pelo oficial do Exército americano Augusto York, que participou da segunda intervenção militar dos Estados Unidos na ilha caribenha”.

2.    Depois a queimada melhorada foi levada para “a Europa pelos soldados americanos a partir de 1915, na 1ª Guerra Mundial. Também em função da 1ª Guerra, o Egito foi o primeiro país africano a descobrir o vôlei”.

3.    E, não para aí, na América do Sul, a queimada melhorada “chega no Peru, no ano de 1910, por intermédio de uma missão contratada pelo governo peruano, junto aos Estados Unidos, com a finalidade de organizar a instrução primária no país, que modificava os programas de educação física para crianças”.

4.    A coisa fica mais evidente quando se observa que no auge da guerra fria, precisamente em 1962 o vôlei foi admitido como esporte Olímpico.

5.    E, atenção para este fato: aqui do lado de baixo Equador, a partir das ditaduras militares, a recreação protestante passa a ser prática nos quartéis, principalmente depois dos intercâmbios entre os exércitos latinos e o americano, e logo em seguida ganha incentivo estatal e se “populariza” nas escolas.

         O curioso disso tudo é que o vôlei, estranhamente, “até os anos 30 foi praticado mais como uma forma de recreação e lazer, e houve raras atividades internacionais e competições”. Entretanto, de repente, ganha destaque como esporte e por incrível coincidência cresce junto com a política imperialista do país que o inventou.

         Um indicador importante para demonstrar a validade de teorias conspiratórias é o cinema holywoodiano. Por muitos filmes podemos perceber claramente a propaganda ideológica de valores e estilos de vida. Um exemplo escancarado da relação: queimada melhorada, militares e valores americanos está no filme “Top Gun – Ases indomáveis” (1986). A trilha sonora, o romantismo mela cueca e a disputa do bonzinho contra o mau foi o cenário ideal para vender um modelo de valores e de estética. Agora, adivinhem qual o “esporte” que está no pacote de valores vendido pelo filme? O vôlei e mais nenhum, o esporte dos milicos.

         Tá certo que a queimada melhorada não foi a única baboseira que tivemos que engolir dos Estados Unidos. Teve o ioiô (um brinquedo que mais parece teste de psicotécnico), o personagem Mikey (um policialzinho que dedurava todo mundo), a festa de haloweem (que espalha pra todo lado aquela abóbora ridícula) e por aí vai... Mas, o vôlei além de patético e monótono foi fabricado pela elite conservadora e protestante dos Estados Unidos. Foi mais um dos instrumentos da colonização americana praticada, principalmente, na América Latina, via os militares e sua doutrina de segurança nacional.

         Enfim, a capacidade de iludir está cada vez mais eficiente. Cada vez menos as pessoas questionam o porquê das coisas. O pior é que, hoje em dia, as pessoas compram qualquer porcaria que lhes vendem, bastando ser colorido e com luzinhas que piscam. Se as pessoas idolatram a Xuxa, se a maioria não é obesa e nem diabética mas só consome o que é Diet e até hoje acham que chuva dá gripe, imagina acreditar que o vôlei é um esporte?

         O mais interessante de tudo é observar o grau de fabricação da queimada melhorada. Pois, até a bola do jogo, que em outros esportes foi sendo melhorada no decorrer da história para o desempenho da modalidade, na recreação protestante o seu inventor, Morgan, “solicitou a firma A.G..Stalding &.Brothers a fabricação de uma bola para o referido esporte”. A firma, após várias experiências, acabou satisfazendo às exigências do cliente.

É, nesse jogo até a bola foi comprada.µ

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